quinta-feira, 24 de junho de 2010

Curriculum

Ricardo Velasco Campos Machado Leal
Brasileiro – Solteiro - 24 anos
Telefone: (16) 7813-9617 (61) 8146-9092 Nextel ID:88*15246 BB PIN 4046F5E4
E-mail: ricardo.leal@feliceviagens.com.br ricardovcmleal@hotmail.com ricardovcmleal@gmail.com
Ribeirão Preto, fevereiro de 2011

FORMAÇÃO

• Cursando terceiro ano de Publicidade e Propaganda na UNAERP
• Três períodos de Psicologia na FTC Salvador
• 1.310 pontos no Scholastic Aptitude Test ou Scholastic Assessment Test –SAT ( um exame educacional padronizado nos Estados Unidos, que serve de critério para admissão nas universidades norte-americanas)

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

15 anos jogando Basquete em times profissionais em Brasilia-DF, Belo Horizonte-MG, Bauru SP, Londrina-PR e Salvador-BA. Experiência em lidar e liderar pessoas devido a posição de armador no esporte. Atleta determinado com virtudes de liderança, boa analise de situações. Sabia como motivar e tirar o melhor de cada companheiro de time. Carreira encerrada nos Estados Unidos prestes a ingressar em um College da NAIA (divisão universitária) devido a duas hernias de disco na região lombar das costas .

Consultor de vendas da NEXTEL de agosto/2010 a janeiro/2011

Atualmente trabalhando nas áreas Comercial e Marketing da operadora e receptivo de turismo FELICE VIAGENS

QUALIFICAÇÕES E ATIVIDADES PROFISSIONAIS E ACADÊMICAS

• Fluencia em inglês:
• 6 anos cursando inglês na Cultura inglesa
•7 meses morando nos EUA em Bradenton-Florida treinando basquete na IMG Academies. Curso de SAT Prep course (com excelente nota no SAT para um estrangeiro)

• 2 Cursos de Midia e Marketing Digital

• Experiência acadêmica (textos no http://ricardovelascoleal.blogspot.com )
• Elaboração de um roteiro e produção do curta metragem: pecado capital Avareza (IESB-DF)


Conto: “Jack e eu” (IESB-DF)
• Crônica: “Crônica sobre o palavrão” (UNAERP-Ribeirão Preto-SP))

O palavrão

O palavrão

Palavrão se aprende na escola. Mais ou menos. A escola é só um meio de propagação do palavrão. É normalmente nos almoços de família, no domingão que os pais e tios estão assistindo um jogo de futebol que o moleque ouve o temido palavrão. Quase sempre é o juiz quem sofre as retaliações verbais, se pensarmos literalmente, a mãe dele. Pensando na pratica, quando alguém solta um “filho da puta”, dificilmente a pessoa quer falar na inocente mãe por trás da expressão.
Por exemplo, “caralho”. Hoje quase nunca se usa essa palavra como o sinônimo do órgão reprodutor masculino. Pensamos na frase: “Churrasco é bom pra caralho”. Uma mãe mais conservadora tem vontade de chorar ao ouvir. Mas gramaticalmente falando, o “caralho” tem a função de advérbio de intensidade, mas com um grau muito acima de um “bom demais”, um “bom pra burro (o animal quadrúpede?)” ou um “bom pra chuchu (???)”. Ou quando a pessoa fica realmente entusiasmada ao fazer um strike e diz ”jogar boliche é muito legal”. O entusiasmo é tão maior quando se diz algo como “ jogar boliche é bom pra caralho”. E ainda juntando dois palavrões “estou puto pra caralho”, quer dizer que a pessoa está infinitamente mais brava do que quando diz um “estou muito bravo”
Na Bahia quem é de fora se assusta quando uma mulher diz que “a Ivete é de fuder”. Lá quando alguma coisa é extremamente boa, se usar qualquer advérbio ou comparação metafórica é pouco perto de um “é de fuder”
O palavrão ainda tem uma função fisiológica para extravasar sentimentos. De noite quando levantamos para tomar uma água ou ir ao banheiro e damos com o dedo mindinho na quina de algum móvel e vem aquela dor alucinante. Nada melhor que um “puta que o pariu” de boca cheia. Sem um palavrão desse parece até que a dor não passa. Ou ainda quando alguma coisa ruim acontece, por instinto sai um “que merda”.
O palavrão está tão presente no dia a dia que é um pouco difícil evitá-lo, e por traz do termo pejorativo está uma forma lingüística que não está nos dicionários e nas aulas de gramática. E cada vez menos significa a parte feia, mas sim um sentido que não se consegue expressar com as palavras normais.
Mesmo uma pessoa que se gaba por não falar palavrão, se estiver no transito e alguém fechá-la, sem dúvida nenhuma ela se coça pra abrir a janela e gritar um carinhoso “vai tomar no cu”.

Crônica escrita por
Ricardo Velasco Leal
JACK E EU

Acendo um cigarro, trago e solto a fumaça observando o ventilador no teto, ele gira devagar, para algum tempo, parece que desliga ou estraga, mas recomeça a todo vapor e volta a girar bem lentamente. Nunca funcionou direito, tinha dois anos de garantia da loja, mas me acostumei com ele, me lembra o ritmo da vida que levo. Meu corpo pede mais horas de sono. Quero dormir, mas não consigo, minha mente não para. A vontade de mijar me encoraja a levantar e no primeiro passo o impacto no chão faz minha cabeça latejar levemente. Sinto o gosto na boca do vinho que degustei na noite anterior na esperança do álcool trazer algum sono. Ele veio, mas horas depois. O primeiro jato de urina arde, mas em seguida o prazer do alívio. Segundos mais tarde o prazer acaba. Olho o radio-relógio piscando, em 2 minutos vai soar o despertador que nunca me acorda. Acendo outro cigarro e espero a música, na primeira tragada me arrependo e apago. O horário chega, cinco horas da manha toca um bom rockandroll. Não conheço a banda, mas sem dúvida ela não toca em horas comerciais, nem está nas paradas de sucesso. Na radio toca-se o que vende, e hoje em dia a juventude só compra merda.
Abro a janela para ver o dia amanhecendo. Inspiro tão forte o ar denso da cidade que vem uma tosse. Reclamo em voz alta até lembrar que acordei fumando um cigarro, rio da minha própria ironia. A vontade de mijar vem de novo, volto ao banheiro para dar mais uns pingos amarelos na água rasa da privada. Tiro a bermuda que uso de pijama e entro no chuveiro para um momento de viagem diário que é o banho, penso em tantas coisas enquanto lavo meu saco e sovaco. O rockandroll continua alto no radio, gostei mesmo da banda.
Já vestido para a academia e o terno no cabide com a capa, injeto minha primeira dose de cafeína. Um forte café preto que minha bela cafeteira prateada coou. Nada melhor que uma bebida amarga pra começar o meu doce dia. Com a pulsação mais acelerada pego a coleira do Jack, um Jack Russel Terrier de 4 anos, mesma raça do Milo, cachorro do filme “O Mascara “, que era muito esperto e ativo. O meu é o oposto, só gosta de ver TV e dormir. E ama comer sua ração e a Mell, uma Fox Paulistinha mestiça da vizinha quando fica no cio. Confesso que não tive criatividade pra pensar em um nome pro cachorro. Mas o porquê dele ser assim acho que vem do vizinho de baixo. Um cheiro muito forte de maconha, diariamente, e o Jack vem respirando essa fumaça desde os dois meses de vida.
Damos uma volta no quarteirão e ele marca todos os postes, e cheira o traseiro de duas irmãs da raça Shitsu. Parecem dois tapetes com chuquinha, mas são um dengo com ele. Diferentemente da dona, uma senhora que já me vê e torce o nariz. Acho que por que um dia as duas estavam no cio e o Jack arrebentou a coleira. A madame no ato pegou as duas no colo, o Jack pulou, latiu, pendurou na alça da bolsa e acho que até sorriu. Esse dia sim honrou o pedigree da raça. Desculpei-me na frente dela, mas em casa dei o dobro de ração e vários biscoitinhos.
De volta à cozinha tomo mais uma xícara de café e vários suplementos alimentares receitados pelo próprio vendedor da loja de suplementos. Coloco comida e água pro cachorro e com a mochila e o terno na mão espero o elevador. Enquanto ele não chega, penso como a vida do meu cachorro é boa. Quando abro a porta me deparo com a Junia, descendo para passear com a Mell, a Fox Paulistinha Terrier mestiça. “Bom dia Junia, tudo bem e você? Ok eu levo ele Lá.” Ela disse pra eu levar o Jack pra brincar com a Mell, mas na verdade a brincadeira vai ser entre os humanos.
Nem atrasado eu estava e dirigia acelerado devido ao tanto de cafeína e outras substancias estimulantes terminadas em “ina” contidas nos shakes. Outra música boa na radio. Estava cedo ainda. Mudo a estação para ouvir um cientista político falando sobre as noticias do Brasil e do mundo. Ouço o de sempre, sobre as invasões dos EUA em países do oriente médio ricos em petróleo com a desculpa de que seus regimes políticos islâmicos são cruéis e perigosos para a segurança mundial, piada. E, claro, corrupção no governo brasileiro, mas dessa vez o presidente do conselho de ética está sendo indiciado por usar passagens aéreas do estado para a filha viajar. Faltou ética da parte dele, outra piada. Uma senhora apressada pede sinal para entrar na minha frente, concedo sorrindo e ela sorri tão surpresa em troca que fiquei bobo de ver.
Chego na academia dando um “bom dia” e um sorriso sincero para a recepcionista, em troca recebo um “bom dia” obrigado e um sorriso forçado. Refleti e entendi a surpresa da senhora no carro, cordialidade e educação, bases de um convívio harmonioso, não estão muito na moda. Olho a ficha do dia feita pelo personal, peito, tríceps, ombro e posterior de perna. Tenho que começar a malhação aquecendo 15 minutos correndo. Olho a fileira de esteiras com TVs de plasma na frente, acho uma livre e inicio o trote. Odeio isso, não correr, mas a situação de correr em uma esteira, me sinto um hamister naquelas rodas da gaiola. O fôlego me faz lembrar do cigarro que fumei quando acordei. Se não fizesse mal a saúde e o cheiro não incomodasse as pessoas, seria uma bela atividade, mas, devido a esses contras, é um puta vicio idiota.
Suando começo a malhar um supino e o personal vem ma ajudar com o peso já me dando um sermão de que hoje estou preguiçoso. Ok, ele está fazendo o papel dele, mas é irônico pagar alguém pra me dar um sermão. Acabo de malhar e tomo mais shakes, agora de proteínas, esses fazem peidar o dia todo. Chego no vestiário pra tomar um banho e colocar o terno, paro na frente do espelho, olho pra ver se ninguém esta vendo e dou uma boa forçada no peitoral e braços. Não vou mentir, sou fruto de um estereótipo das novas gerações, imagem vale muito, e tenho que ser forte pra reforçar minha auto-estima e minha masculinidade. Segundo banho. Viajar em pensamentos enquanto lavo o saco novamente, pensei na velha no carro que dei passagem e sorriu, acho que ganhei o dia dela.
Ajeito o nó da gravata e tomo o rumo pra saída, desejo um ótimo dia para a recepcionista e reforço com um caloroso tchau. Ela me olha sem saber se fui sarcástico ou sincero, também não tenho certeza do que fui. Saio com o carro do estacionamento e já paro atrás de uma fila de carros em um sinal. Ligo o radio e está tocando uma musica da Britney Spears, uma loirinha americana com cara de prostituta que nunca compôs uma letra, mas que as garotas se identificam e os garotos sonham em comê-la. Essas merdas fúteis as rádios tocam, e o pior de tudo é que os refrãos ficam o dia todo martelando na cabeça, vira e mexe me pego cantarolando. Estaciono o carro na garagem do prédio e pego o elevador, desço no décimo sétimo, o andar da empresa de seguros. Sou diretor da área que analisa os candidatos a futuros segurados. Minha função é totalmente burocrática. Os analistas quando têm um problema me consultam a respeito de alguma apólice mais complicada, autorizo ou não. Entro as oito da manha e saio as quatorze. Preferi trabalhar 7 horas seguidas sem o intervalo de almoço do que ter duas horas para almoçar e sair às dezoito horas. Tenho um coffee break ao meio dia de meia hora, mas sempre estendo mais uns 20 minutos, o presidente da empresa e os outros diretores almoçam em casa, deveriam estar as treze de volta, mas nunca estão. Hoje meu expediente vai se estender, reunião da diretoria treze e trinta.
No andar térreo do prédio tem uma lanchonete de sucos e sanduíches naturais onde almoço todos os dias, peço o de sempre. Um sanduíche de baguete integral com peito de peru, queijo branco e cheio de salada. Um suco de abacaxi com laranja e caju. Ainda que eu esteja tentando parar, e já diminui para poucos, acordo fumando um cigarro. Encho o rabo de suplementos alimentares lotados de substancias químicas, me deixam forte, mas não fazem bem para o fígado e rins. Almoço uma comida nada gordurosa e bem saudável, um belo contraste de amor próprio a longo prazo.
Volto à empresa e já entro na sala de reuniões para esperar, tomo uns três copinhos de café enquanto espero, e mais três de água para suprir a vontade de fumar. Um por um vão chegando os diretores e o presidente. Esse último gosta de mim, na verdade acho que ele inveja a minha vida sem responsabilidades conjugais. Sua mulher é uma perua consumista chatíssima e as duas filhas estão trilhando o mesmo caminho. Ele começa a reunião com um trocadilho bem humorado, valia uma risadinha, não as gargalhadas histéricas de alguns puxa-sacos. Dei minhas opiniões claras e objetivas, enquanto os puxa-sacos elogiavam certas decisões embromando seus discursos, bajulando ainda mais os que estão acima deles na hierarquia. Medíocres, todos casados, que sempre me chamam para um happyhour e depois para cair em alguma casa de entretenimento nada puritana. E no dia seguinte ficam comentando de como foi. Fui algumas vezes, e depois de alguns chopes, tinha vontade de passar mal ao ouvi-los criticar decisões tomadas pelos chefes que no mesmo dia eles bajularam. Dá pra ter uma idéia do que falam as minhas costas. Terminada a reunião, me despeço das secretarias, da copeira e desço pra garagem, entro no carro e volto tranquilamente pra casa, praticamente sem transito.
O Jack me recebe em casa se espreguiçando, dormiu até agora. Vida boa a dele. Fica me seguindo enquanto abro uma longneck e tiro o terno. Digo que ele vai brincar com a Mell hoje. Deu uma animadinha quando ouviu o nome dela. Acendo a TV e fico pulando de canal em canal, tenho 200, nada que preste a essa hora. Paro em uma serie de comerciais da polishop, eles lavam a nossa cabeça com produtos que garantem revolucionar o dia a dia. Já comprei a maquina que coloca a fruta inteira e sai o suco, uma merda pra limpar. A cinta de dar choques no abdômen, pura balela, cortadores e fatiadores de legumes, sendo que nem cozinho direito. No máximo uma macarronada ou um omelete, nunca fatio nada. O capitalismo faz as pessoas quererem comprar o que não precisam, instiga o desejo de um consumismo desenfreado pelo novo e pelo diferente. Eu sou um desses retardados reféns do sistema, na verdade mais ou menos, pelo menos eu sei que sou influenciado.
Vai dando a hora de levar o Jack para brinca com a Mell, tomo outro banho, mas dessa vez um demorado. Penso na Junia, uma psicóloga que sabe muito bem lidar comigo. Bonita ela, consegue o que ela quer e eu também. Sinto que sou meio usado por ela, mas também a uso. Somos dois moradores do mesmo prédio que buscam no corpo do outro o prazer de enganar a carência de tempos em tempos. Na hora é até legal, mas quando chego em casa para dormir, alias para esperar o sono que sempre demora, me sinto um pouco mal, me perguntando se valeu a pena. Nunca vou ter intimidade com a Junia. Vida boa mesmo é a do Jack, nem pensa no romance, sente o cheiro dos hormônios exalados pelo e cio e acabou. Vida boa. Será mesmo? Pensando profundamente sobre o Jack e eu, não somos assim tão diferentes, nunca encontro uma mulher com quem me identifico de verdade, e o Jack a mesma coisa. A Mell é uma Fox Paulistinha Terrier mestiça, que só o deixa encostá-la direito quando está no cio, no mais é meio indiferente com ele. No fundo, só temos um ao outro. Quer saber, não vou levá-lo para brincar com a Mell. Acabo de lavar o saco pela terceira vez no dia e me seco. Ponho um tênis, o primeiro conjunto de moletom que vejo, pego a coleira e entro no elevador. Aperto o térreo, e quando Jack sente o elevador descendo e não subindo pro andar da Mell, solta um chiado significando algo como “uai”. Saímos para a rua em direção a uma praça que fica 5 quarteirões de casa. Paro em uma bica de água na praça para nós dois tomarmos um gole d’água. Tem tanto idoso andando em volta da praça que está mais para um passeio de asilo. Damos duas voltas quando o Jack se desespera e vai me puxando até uma cadelinha. A princípio penso ser só mais uma cheirada de traseiro, mas os dois cães ficaram se encarando e cheirando um ao outro de frente. Percebo então que se trata de uma fêmea Jack Russel Terrier, e a dona uma morena mais ou menos da minha idade, um pouco mais nova acho. Tem um rosto simpático, não é muito meu tipo, sempre gostei de louras mais altas.
“Oi, parece que ficaram amiguinhos os dois! Nunca tinha visto uma fêmea dessa raça nas redondezas.” Digo puxando um assunto.
“Jack Russel não é muito comum mesmo, e todo mundo acha que é Fox Paulistinha. Mudei tem pouco tempo, vim fazer meu mestrado aqui” Diz sorrindo com um sotaque diferente. Muito agradável, tanto o sotaque quanto o sorrido. Os cachorros não se desgrudam um segundo, parecem enfeitiçados pelo olhar do outro.
“Que legal, e você vem sempre aqui? Alias sempre traz a cachorrinha pra passear aqui?” Me atrapalho, estou cantando ela? Ela está com o cabelo preso, uma calça folgada e um agasalho. Seus olhos são lindos.
“Todos os dias nesse horário, bem melhor que ver a novela.” Diz ela e dá uma risadinha gostosa de ouvir. Nunca tinha visto o Jack assim
“Não suporto novelas também!” Rio junto.
“Vou indo pra casa que amanha acordo cedo para o mestrado, traga ele mais vezes para brincar com a Jaque, prazer, tchau!” Os cães dão uma ultima cheirada e ficamos os dois vendo as duas irem embora! No caminho de casa o Jack não parou nem uma vez para cheirar ou demarcar território nos postes.
Já na cozinha coloco ração pro Jack, abro uma cerveja e sento pra ver uma TV. Não me interesso por nada passando, a morena não sai da minha cabeça. Volto na geladeira para pegar outra cerveja. Nem perguntei o nome dela, não tinha aliança nas mãos, bom sinal pelo menos. Começo a ver uma comédia. Na metade do filme não tenho a menor Idéia do assunto, a morena continua a não sair do pensamento. Desisto e desligo a TV, me sinto cansado, os olhos pesando um pouco. Coloco a bermuda que uso de pijama e deito na cama observando o ventilador. Sem aviso, começa a girar mais rápido fazendo um ventinho agradável. Penso na pergunta que me faço todo dia antes de dormir, “Ganhei um dia, perdi um dia ou vivi um dia?” Não sei como sempre, só sei que amanha vou voltar na praça na hora da novela.


Conto escrito por
Ricardo Velasco Leal